«Sei o que estou a fazer»*

E aqui estou, no café, lendo os três desportivos e à espera do pessoal para ver o jogo.
Enquanto ninguém chega aproveito para desmontar a teoria de que na pré-época o Jesus sabia o que estava a fazer e explicar como aquilo que parece um plantel consistente resulta na verdade de uma atroz incompetência a que se seguiu o pânico.

A estratégia para esta época era investir pouco e em “jovens valores com margem de progressão”; apostar na formação; vender activos e descer a massa salarial. E assim foi: do Benito ao Talisca, do Candeias ao Luís Filipe, do César ao Dawidowicz e Derley (etc.), contratou-se mais de uma dezena de jogadores, de uma inutilidade que só quem viu a lamentável pré-época conhece. Também se apostou nos jovens: João Teixeira, Lindelof, Bernardo Silva, Hélder Costa, Cancelo, etc. E vendeu-se os activos, inclusive o Enzo.

Estava toda a gente «a saber o que estava a fazer» quando, graças a Deus, fomos humilhados pelo Arsenal, num jogo inenarrável, mas abençoado, que pôs toda a gente a insultar os génios que executaram a estratégia e colocou a cabeça da “estrutura” no cepo.

O presidente foi então obrigado a dar uma entrevista. Que o LFV, cujo mérito é a criação de bolsa de investimento aparentemente ilimitado ano após ano, não percebe nada de futebol, julgo não ser uma novidade nem para o mais inocente adepto do clube; mas o que ele disse confirmou tudo isto: 1) que não havia mais dinheiro para contratações de 7 ou 10 milhões de euros; 2) que era necessário descer a massa salarial; 3) que apostar na formação era uma necessidade; 4) que só saiam pela cláusula; etc.

E o que aconteceu depois? Os resultados da aplicação desastrosa da estratégia continuaram e o 1) foi mandado ao ar com a contratação do Samaris (10 milhões) e do Cristanti (6 milhões) – segundo o Bruno Prata, o departamento de scouting do Rui Costa a salvar o cavalo branco que temos no banco; sobre o 2) o salário do Júlio César e do Jonas falam por si; do 3) o Cancelo e o Bernardo Silva Deus sabe onde estão; e o 4) acabou com a célebres palavras do Nuno Espírito Santo “Espero que as pessoas cumpram a sua palavra” (parece que foi adiada para a abertura de mercado de Inverno, a ida do Enzo, a la Matic, de forma a o Samaris se poder adaptar).

O que podemos concluir daqui?

1)Podemos concluir que se a tal estratégia era uma “inevitabilidade”, como disse o LFV, não devemos estar longe da falência (ou, como se diz hoje em dia, do “perdão da dívida”);

2) Que é urgente retirar todos os poderes que o Jesus tem na contratação de jogadores – todos os poderes! A não ser assim, o próximo Hugo Vieira ou Candeias (no mercado interno) ou (percorrer mentalmente as 13 contratações falhadas para o lado esquerdo da defesa) tornarão o clube inviável mesmo depois da tal falência (ver ponto 1);

3) Quanto à equipa propriamente dita, vejo dois problemas difíceis de resolver: 1) nada me diz que o Júlio César seja melhor que o Artur (diz o burro do Jesus: «só foi considerado o melhor do mundo duas vezes», um argumento que serviria para justificar o regresso do Niki Lauda aos comandos de um Ferrari), e sobre Artur, não é necessário acrescentar nada, que já tudo foi dito; 2) lado esquerdo da defesa: o Eliseu tem estado razoável (não mais do que isso), e o Sílvio deve estar para voltar, mas continua (desde o Coentrão) o problema por resolver.

p.s. Nota do jornal Record ao Djavan no 1º jogo do Braga: 1 (de 0 a 5). Descrição: «Um desastre».

*Jorge Jesus, sobre a pré-época.

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