* Richard Leamer
(explicando que se os economistas seguissem a teoria à letra não conseguiriam terminar um modelo econométrico, logo na prática os seus pecados não o são, uma vez inevitáveis)
Ou, como disse Blake: Os que reprimem o desejo apenas o fazem porque o deles é suficientemente fraco para ser reprimido.
Ou A Vida de Adèle, o filme que está para o cinema como A Educação Sentimental de Flaubert está para a literatura.
—–
Também gostei do Noutro País (o controlo do ritmo é estupendo e cada plano é uma delícia, aguça os sentidos; fez-me bem ver o filme: fui a pé ao cinema e quando voltei apreciei melhor as luzes da cidade, as sombras, a austeridade sepulcral das árvores, o plácido silêncio da noite e os nossos passos nele, esse tipo de coisa que me tinham escapado na ida e há muito me andavam a escapar) e do Francis Ha (a alegria e espírito positivo daquela rapariga contagiaram-me, voltei assim como que alegre e a sorrir para casa, um fim de tarde feliz, uma excepção).
—–
Esta semana mais do que uma vez me disseram que eu tinha muito potencial, mas precisava de ser limado. Foi uma outra forma de dizer que, para meu bem, preciso de me deixar de merdas e render de uma vez por todas à vossa forma de vida.
Deixo aqui mais uma citação, de quando os escritores não eram gagos:
«Vá. Chama um psicanalista especializado em adaptar as pessoas aos prazeres da televisão, da revista Life à quarta-feira, das viagens à Europa, da bomba H, das eleições presidenciais, da primeira página do Times, das responsabilidades da Associação de Pais e Professores de Westport e Oyster Bay e Deus sabe de que outras coisas gloriosamente normais…, vá, faz isso e garanto-te que em menos de um ano Franny estará num manicómio ou a vaguear por um deserto com uma malfadada cruz a arder nas mãos.»
Franny and Zooey, pág. 99, J. D. Salinger